Fatores associados à evasão e conclusão de curso na educação superior brasileira: Uma análise longitudinal

por:

Melina Klitzke Martins

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Educação.

RESUMO

KLITZKE MARTINS, Melina. Fatores associados à evasão e conclusão de curso na educação superior brasileira: uma análise longitudinal. Rio de Janeiro, 2022. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.

Esta tese analisa a evasão e a conclusão de cursos na educação superior brasileira por meio de uma abordagem quantitativa com desenho longitudinal e lança mão de duas bases de dados, uma em nível nacional (INEP, 2020) e outra em nível institucional (microdados da UFRJ). Empregou-se o conceito de evasão de curso, que é a saída definitiva do estudante do curso de origem por qualquer razão. Trabalhou-se com três principais objetivos. O primeiro foi descrever os padrões de evasão e conclusão na educação superior brasileira considerando a diferenciação qualitativa do sistema (rede, modalidade, grau e grandes áreas do conhecimento). Utilizou-se a base de dados longitudinal de indicadores de fluxo da educação superior (INEP, 2020), para construir indicadores de
evasão e conclusão para cinco coortes de ingressantes, de 2010 até 2014. Os principais resultados mostram que, no Brasil, a taxa média dos estudantes que desistiram dos cursos no tempo de integralização foi de aproximadamente 50%. Em média, a taxa dos estudantes que evadiram no primeiro ano do curso foi de 10% a 12%. A taxa média da conclusão do curso no tempo certo para o Brasil girou em torno de 30% a 32%. Ao acrescentar mais um ano para o estudante concluir o curso, a taxa média passou para aproximadamente 36%. Além disso, foi observado que as taxas médias de fluxo na educação superior brasileira são heterogêneas, ou seja, mudam à medida que se adicionam as características do sistema. O segundo objetivo foi analisar se fatores educacionais e de escolha de curso, origem sociodemográfica e integração acadêmica estão associados à evasão nos três primeiros anos do estudante na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A evasão foi analisada por meio de modelos estatísticos de sobrevivência em tempo discreto, o que permitiu tratar os dados em sua estrutura longitudinal. Foram utilizados os microdados da instituição para o acompanhamento da coorte que ingressou no primeiro semestre de 2014. Os resultados apontam que, durante o tempo analisado, os momentos de maior risco de evasão foram o primeiro, o segundo e o quinto semestre das trajetórias dos estudantes nos cursos. Os fatores que se mostraram associados à evasão foram os educacionais e de escolha de curso, e o coeficiente de rendimento acumulado por semestre, que, neste estudo, se configurou como proxy de integração acadêmica. Esses achados revelam a importância de entender processos decisórios de entrada e continuação dos estudos. O terceiro objetivo foi analisar a heterogeneidade dos resultados de evadir precocemente e concluir o curso, na coorte de estudantes que ingressou na UFRJ no primeiro semestre de 2014. Em outras palavras, incorporaram-se nas análises empíricas os diferentes cursos de graduação ofertados pela UFRJ para melhor entender a variação entre cursos dos resultados de evasão no primeiro ano do curso e de conclusão. Para isso, empregou-se um modelo logístico multinível. Os resultados indicam que 12% da evasão precoce e 19% da conclusão do curso podem ser explicadas pela diferença entre os cursos; isso significa que os estudantes apresentam maiores probabilidades de evadir precocemente ou graduar-se em alguns cursos do que em outros. Portanto, para a coorte analisada, os cursos importam e ajudam a elucidar as probabilidades de evasão precoce e de conclusão do curso.

Palavras-chave: Educação superior. Indicadores de fluxo. Fatores associados à evasão de curso. UFRJ.

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